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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA

Saiba como funciona o procedimento de inspeção tributária em Portugal. Conheça os direitos dos contribuintes, obrigações legais e como se preparar para uma ação da Autoridade Tributária.

A inspeção tributária é um mecanismo fundamental para assegurar a conformidade com as obrigações fiscais e para combater a fraude e a evasão fiscal. As inspeções tributárias seguem um quadro legal rigoroso, destinado a garantir que todos os contribuintes, sejam empresas ou indivíduos, cumpram com as suas responsabilidades fiscais. 

Este artigo oferece uma visão detalhada sobre a inspeção tributária, abordando os principais aspetos legais, os direitos e deveres dos contribuintes e as melhores práticas para estar preparado para uma inspeção.

O QUE É UMA INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA?

A inspeção tributária é um procedimento conduzido pela Autoridade Tributária e Aduaneira (ATA) que compreende um conjunto de atos que procuram verificar o cumprimento das obrigações tributárias e prevenir a ocorrência de infrações tributárias. Em sede de inspeção, a ATA pode confirmar os elementos declarados, indagar factos tributários não declarados pelos sujeitos passivos, inventariar e avaliar bens, realizar perícias ou exames técnicos, realizar estudos, entre outros atos que considere relevantes,

A inspeção tributária visa a deteção e correção de irregularidades fiscais, a prevenção da fraude e evasão fiscal e a verificação da correta aplicação das normas fiscais, tanto a nível nacional quanto comunitário.

Em Portugal, as inspeções tributárias são regidas pelo Regime Complementar do Procedimento de Inspeção Tributária (RCPIT), pelo Código de Procedimento e de Processo Tributário (CPPT) e, ainda, pela Lei Geral Tributária (LGT). 

FASES DO PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA

Uma inspeção tributária segue um processo bem definido, que inclui várias fases, desde a notificação inicial até à conclusão da inspeção.

O procedimento de inspeção tributaria inicia-se, normalmente, com a notificação prévia feita por carta-aviso ao contribuinte com uma antecedência mínima de cinco dias relativamente ao seu início. 

Na data de início da inspeção tributaria, o inspetor apresenta-se no domicílio do inspecionado e dá início ao procedimento de inspeção através da ordem de serviço ou do despacho do superior hierárquico.

O inspetor tributário procede à análise das operações e atos com relevância fiscal, recolhe documentos e/ou elementos, solicita a exibição de documentos ou pede esclarecimentos ao inspecionado. Esta fase termina quando o inspetor tributário notifica a nota de diligência ao inspecionado.

Concluídos os atos de inspeção, o inspetor tributário procede à elaboração do projeto de relatório. No projeto de relatório, o inspetor descreve os factos suscetíveis de originar atos tributários, bem como a sua fundamentação.

Após a notificação do projeto de relatório, o inspecionado dispõe de um prazo de 15 dias para apresentar as razões, de facto e de direito, de discórdia da decisão proposta.

Terminado o prazo para o exercício do direito de audição, o inspetor elabora o relatório final. Se o inspecionado não tiver exercido o direito de audição, o projeto de relatório é convertido em definitivo.

A inspeção tributária termina com a notificação do relatório final ao inspecionado. O procedimento de inspeção tributária, em regra, dá lugar à instauração de procedimentos de liquidação.

Se o contribuinte discordar das liquidações adicionais, pode impugnar as decisões através dos meios legais disponíveis, como a reclamação graciosa ou o recurso aos tribunais tributários.

DIREITOS E DEVERES DOS CONTRIBUINTES

Durante uma inspeção tributária, os contribuintes têm direitos que devem ser respeitados, bem como deveres que devem cumprir.

O contribuinte tem o direito de ser informado sobre o motivo da inspeção e sobre os seus direitos e deveres; aceder aos documentos e informações utilizados pela AT durante a inspeção; apresentar a sua defesa antes da conclusão da inspeção.

No que diz respeito aos seus deveres, o contribuinte deve cooperar com a AT, fornecendo todos os documentos e informações solicitados; apresentar informações verdadeiras e completas; e conservar os documentos fiscais por um período de 10 anos.

PREVENÇÃO E PREPARAÇÃO PARA INSPEÇÕES TRIBUTÁRIAS

A melhor forma de lidar com uma inspeção tributária é estar preparado e cumprir rigorosamente todas as obrigações fiscais.

  1. Revisões fiscais internas

Realizar auditorias fiscais internas regulares pode ajudar a identificar e corrigir potenciais problemas antes de uma inspeção oficial.

  • Contabilidade transparente

Manter registos contabilísticos claros e organizados facilita o processo de inspeção e reduz o risco de sanções.

  • Consultoria fiscal especializada

Trabalhar com advogados experientes em fiscalidade garante que a sua empresa cumpre todas as obrigações fiscais e está preparada para responder adequadamente a uma inspeção.

CONSEQUÊNCIAS DE UMA INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA

As consequências de uma inspeção tributária podem variar, dependendo dos resultados da inspeção.

Se forem identificadas irregularidades, o contribuinte poderá ser obrigado a regularizar a sua situação fiscal, o que pode incluir o pagamento de impostos adicionais, juros de mora e coimas.

Em casos de fraude fiscal ou de incumprimento grave das obrigações fiscais, podem ser aplicadas penalidades severas, incluindo coimas elevadas e, em casos extremos, processos criminais.

Uma inspeção tributária que revele irregularidades graves pode prejudicar a reputação da empresa, afetando a sua credibilidade junto de parceiros comerciais e investidores.

A conformidade com as obrigações fiscais é essencial para qualquer empresa ou indivíduo, não só para evitar sanções, mas também para garantir a continuidade e o sucesso das suas operações. As inspeções tributárias são uma realidade inevitável no contexto empresarial moderno e estar preparado para elas é crucial.

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