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NDA PARA STARTUPS: COMO PROTEGER INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS COM ACORDOS DE CONFIDENCIALIDADE

Saiba como usar o NDA para proteger ideias, dados e propriedade intelectual da sua startup nas fases iniciais de validação, mentoria e captação de investimento.

No ambiente altamente competitivo das startups, a partilha de informação estratégica é inevitável, mas também arriscada. Desde o momento em que um fundador apresenta um pitch, participa numa sessão de mentoria, valida o MVP com utilizadores ou inicia conversações com investidores, está a expor o ativo mais valioso da sua empresa: a ideia, o modelo de negócio, o know-how e a propriedade intelectual associada.

É aqui que entra o NDA (Non Disclosure Agreement), também conhecido como Acordo de Sigilo e Confidencialidade. Este instrumento jurídico visa proteger essas informações contra uso indevido, cópia, distribuição não autorizada ou exploração comercial por terceiros.

Mais do que uma formalidade, o NDA é um elemento estratégico de mitigação de riscos jurídicos e comerciais, essencial desde os primeiros passos de uma startup.

O QUE É UM NDA E PORQUE É ESSENCIAL NUMA STARTUP?

O NDA é um contrato bilateral ou multilateral através do qual uma parte se compromete a manter em sigilo as informações confidenciais recebidas da outra, sob pena de sanções e responsabilidades.

Na realidade das startups, ele serve para:

  1. Regular o acesso à informação estratégica (protótipos, modelos de negócio, dados técnicos);
  2. Evitar apropriações indevidas de ideias durante eventos de pitch ou mentorias;
  3. Resguardar a propriedade intelectual não registada, como metodologias ou fluxogramas;
  4. Formalizar confiança entre empreendedores e terceiros, incluindo potenciais investidores, parceiros comerciais e consultores.

A ausência de um NDA não impede a violação de informações. Mas a sua existência permite responsabilizar a parte que as usa indevidamente.

QUAIS SÃO AS INFORMAÇÕES PROTEGIDAS POR UM NDA?

O conceito de “informações confidenciais” deve ser amplo e tecnicamente delimitado. No contexto das startups, o NDA pode e deve proteger:

  1. Dados de natureza técnica: códigos-fonte, algoritmos, arquitetura de software;
  2. Informações comerciais e estratégicas: modelos de negócio, planos de expansão, forecasts financeiros, listas de clientes e fornecedores;
  3. Know-how e segredos de negócio: métodos, processos internos, padrões operacionais;
  4. Ativos intangíveis protegidos por propriedade intelectual: marcas, patentes, software, desenhos, direitos autorais, etc.

As informações podem ser: escritas ou orais; entregues em meio físico ou digital; produzidas antes ou durante a relação contratual.

CLÁUSULAS ESSENCIAIS NUM NDA EFICAZ PARA STARTUPS

Para que o NDA cumpra eficazmente a sua função, deve conter um conjunto de cláusulas estruturadas e adaptadas à realidade da startup. Eis algumas cláusulas fundamentais:

1. Identificação das partes

A parte que revela (startups ou sócios) e a parte que recebe (investidores, mentores, parceiros) devem estar claramente identificadas.

É indispensável que tenham personalidade jurídica e sejam titulares das informações e ativos envolvidos.

2. Objeto do contrato

O objeto deve ser lícito, possível e determinado.

Exemplos: apresentação de um projeto de software, partilha de dados técnicos com parceiro de desenvolvimento, ou análise estratégica para eventual investimento.

3. Definição do conteúdo protegido

Deve incluir: dados técnicos, operacionais, jurídicos, estratégicos, fluxogramas, programas, bases de dados, contratos, pareceres e pesquisas.

4. Exclusividade e restrições

O NDA pode estabelecer que a parte recetora não poderá ceder, licenciar ou divulgar a terceiros as informações, através de vedação expressa de: cópia ou reprodução do conteúdo; criação de banco de dados derivado; adaptação ou reengenharia; uso para benefício próprio ou de terceiros.

5. Cláusula penal com multa

Deve prever uma multa pecuniária em caso de violação, devendo a multa prevista refletir o valor económico da informação protegida; a projeção de lucros da startup; e o potencial dano pela quebra da confidencialidade.

Esta cláusula é essencial para inibir o uso oportunista e facilitar a prova de dano em eventual litígio.

6. Vigência e limitação geográfica

O contrato deve definir claramente o prazo de duração da obrigação de sigilo, mesmo após o fim da relação comercial; bem como a abrangência territorial (nacional, europeu, global), especialmente importante em startups com atuação digital e internacional.

7. Legislação aplicável e foro competente

O contrato deve estabelecer a lei aplicável (por exemplo, legislação portuguesa) e o foro competente para resolução de litígios (Tribunal da Comarca do Porto, por exemplo).

O NDA ELIMINA OS RISCOS NUMA STARTUP?

Não. Mesmo com NDA, existe risco. Mas o acordo reduz significativamente a exposição jurídica e reputacional, na medida em que permite:

  • Prevenir litígios antes que ocorram;
  • Criar uma base legal para exigir indemnização em caso de infração;
  • Aumentar a confiança de investidores e parceiros, ao mostrar profissionalismo e organização.

Em termos práticos, o NDA deve ser parte do kit jurídico essencial de qualquer startup, ao lado do acordo de sócios, estrutura societária e contratos com prestadores.

CONCLUSÃO

Numa economia baseada em ideias e ativos intangíveis, a informação é poder e deve ser tratada como tal. Para startups, o NDA é um instrumento de proteção, mas também de posicionamento estratégico e credibilidade jurídica.

Ao adotar NDAs robustos, a startup protege o que tem de mais valioso, profissionaliza as suas relações externas e reduz drasticamente o risco de litígios por uso indevido de dados e informações confidenciais.

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