A integridade institucional não se fortalece apenas com a criação de instrumentos de prevenção da corrupção – é preciso comunicar, envolver e mobilizar todos os que fazem parte da organização. O RGPC estabelece que a comunicação dos instrumentos como o Código de Conduta, o PPRCIC e o Canal de Denúncia Interna deve ser parte integrante de um programa estratégico.
Neste artigo, exploramos as boas práticas na comunicação interna desses instrumentos, para garantir não só o seu conhecimento, mas também a sua adoção real por todos os colaboradores.
PORQUE A COMUNICAÇÃO INTERNA É CRUCIAL NA PREVENÇÃO DA CORRUPÇÃO?
Antes de mais, porque o conhecimento partilhado reforça o cumprimento.
A disponibilização dos documentos em portais eletrónicos não é suficiente. A comunicação precisa de ser:
- Clara quanto ao conteúdo e propósito dos instrumentos;
- Acessível a todos os níveis funcionais;
- Contínua, para manter a integridade como valor ativo.
Depois, a comunicação interna promove o envolvimento de toda a organização na prevenção da corrupção.
O envolvimento consciente dos colaboradores só é possível quando estes percebem para que serve cada instrumento; como ele se aplica no seu contexto de trabalho; e quais são as consequências do seu não cumprimento.
QUAIS INSTRUMENTOS DEVEM SER COMUNICADOS INTERNAMENTE?
Segundo o RGPC, devem ser objeto de comunicação clara e estruturada os seguintes instrumentos centrais:
- Código de Conduta: promove os valores e princípios éticos da organização, clarificando condutas esperadas;
- Plano de Prevenção de Riscos (PPRCIC): identifica e mitiga os riscos associados às funções e processos organizacionais;
- Canal de Denúncia Interna: permite sinalizar irregularidades de forma segura e responsável.
BOAS PRÁTICAS PARA COMUNICAR EFICAZMENTE OS INSTRUMENTOS DE PREVENÇÃO
1. Usar linguagem clara e acessível
Evitar jargão técnico e tornar a mensagem compreensível para todos os níveis hierárquicos.
2. Integrar a comunicação no onboarding
Apresentar os instrumentos logo no processo de acolhimento de novos colaboradores, para garantir alinhamento desde o início.
3. Reforçar em formação contínua
A comunicação deve ser acompanhada por sessões formativas regulares, onde os colaboradores possam: colocar dúvidas; compreender melhor a sua aplicação prática; e partilhar experiências e boas práticas.
4. Utilizar múltiplos canais internos
A divulgação deve ser feita através de intranet, email institucional, reuniões de equipa e materiais físicos em locais de circulação interna.
5. Envolver lideranças na comunicação
Os dirigentes e coordenadores de departamentos devem ser agentes ativos de comunicação, reforçando a importância dos instrumentos no seu discurso e decisões.
CONCLUSÃO
A comunicação interna dos instrumentos de prevenção da corrupção é essencial para garantir que o Código de Conduta, o Plano de Prevenção de Riscos e o Canal de Denúncia sejam mais do que documentos formais: devem ser instrumentos vivos, compreendidos e aplicados por todos.
Organizações que investem numa comunicação interna clara, contínua e estratégica estão mais preparadas para prevenir riscos, promover a integridade e fortalecer a confiança institucional.