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COMO TRATAR RISCOS DE CORRUPÇÃO NA CONTRATAÇÃO PÚBLICA: EXEMPLOS PRÁTICOS E MEDIDAS PREVENTIVAS EFICAZES

Conheça os principais riscos de corrupção na contratação pública e saiba como preveni-los no contexto do PPR, com exemplos funcionais e medidas claras.

A contratação pública é uma das áreas mais expostas a riscos de corrupção e conflitos de interesse, dada a natureza financeira, a complexidade legal e a pressão por celeridade dos procedimentos.

Por isso mesmo, o Regime Geral de Prevenção da Corrupção (RGPC) e os Planos de Prevenção de Riscos (PPR) exigem que esta área seja tratada com particular atenção no levantamento de riscos e na aplicação de medidas preventivas.

Neste artigo, explicamos como tratar riscos de corrupção na contratação pública, com base em exemplos reais de funções e procedimentos, e indicamos medidas práticas e proporcionais que devem ser aplicadas para garantir a conformidade e proteger a integridade da organização.

1 – PORQUE A CONTRATAÇÃO PÚBLICA É UMA ÁREA DE RISCO NO PPR?

Desde logo, pela natureza crítica dos atos envolvidos. Cada decisão tomada nos procedimentos de contratação pode ter impacto direto: financeiro (gastos públicos, pagamentos); legal (responsabilidade contratual e administrativa); e reputacional (confiança da sociedade na organização).

A área da contratação pública apresenta fragilidades funcionais comuns. Algumas situações que aumentam a exposição a riscos de corrupção incluem:

  • Ausência de segregação de funções (quem propõe é quem decide);
  • Critérios de seleção vagos ou subjetivos;
  • Relações prévias não declaradas com fornecedores;
  • Fraca documentação dos fundamentos das decisões.

2 – EXEMPLOS DE RISCOS DE CORRUPÇÃO NA CONTRATAÇÃO PÚBLICA

Fase do ProcedimentoRisco Identificado
Elaboração de cadernos de encargosIntrodução de critérios direcionados para favorecer concorrente
Avaliação de propostasManipulação intencional da pontuação para beneficiar candidato
Justificação de adjudicaçãoFalta de registo documental das razões de escolha do adjudicatário
Fiscalização do contratoAceitação de incumprimentos sem fundamento ou registo
Renovação ou aditamento contratualBenefício indevido por extensão injustificada

3 – COMO TRATAR ESTES RISCOS NO PPR?

3.1. Identificar as funções críticas no processo contratual

Cada etapa deve ser analisada separadamente no levantamento de riscos. Exemplos:

  • Elaboração do programa de concurso
  • Nomeação do júri
  • Validação da adjudicação
  • Fiscalização da execução

Para cada uma, é necessário: identificar os riscos potenciais de corrupção; avaliar o nível de probabilidade e impacto; e associar medidas preventivas ajustadas.

3.2. Aplicar medidas proporcionais e eficazes

Vejamos algumas medidas típicas recomendadas:

Risco identificadoMedida preventiva associada
Falta de segregação de funçõesSeparação clara entre proposta, decisão e execução
Critérios subjetivos ou pouco clarosPadronização dos critérios e modelo objetivo de avaliação
Relação prévia não declarada com fornecedoresDeclaração obrigatória de inexistência de conflito de interesses
Falta de registo da fundamentaçãoReforço do dever de documentação e justificações escritas
Fiscalização permissivaRegistos periódicos obrigatórios e dupla validação das medições

3.3. Envolver os dirigentes e promover formação específica

Os dirigentes com responsabilidade na contratação devem:

  1. Participar na identificação e validação dos riscos e medidas do PPR;
  2. Estar envolvidos em formações periódicas sobre integridade contratual;
  3. Promover uma cultura de transparência, responsabilidade e prestação de contas.

3.4. Monitorizar e rever continuamente as medidas

As medidas preventivas adotadas devem ser avaliadas semestralmente, através dos relatórios de execução do PPR, que devem indicar:

  1. Medidas executadas com sucesso;
  2. Dificuldades encontradas na sua aplicação;
  3. Riscos verificados ou incidentes ocorridos;
  4. Propostas de reforço ou ajuste.

CONCLUSÃO

A contratação pública é uma das áreas mais sensíveis da gestão pública e institucional. Tratar adequadamente os riscos de corrupção neste domínio exige:

  • Identificação precisa de riscos reais por função;
  • Aplicação de medidas proporcionais, claras e eficazes;
  • Envolvimento de dirigentes e equipas na prevenção;
  • Acompanhamento e ajuste contínuo das medidas.

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