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QUADRO DE GESTÃO DE RISCO DAS TIC:  O QUE O DORA EXIGE DAS ENTIDADES FINANCEIRAS?

Saiba como deve ser estruturado o quadro de gestão do risco associado às TIC segundo o Regulamento DORA.

O Regulamento DORA (Digital Operational Resilience Act) estabelece um novo padrão para a resiliência digital das entidades financeiras. Um dos pilares centrais do regulamento é a exigência de um quadro sólido de gestão do risco associado às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).

Esse quadro deve ser abrangente, documentado, auditável e integrado no sistema de gestão de risco da organização. Mas afinal, o que deve conter esse quadro? Como garantir conformidade com a legislação europeia? É isso que vamos responder neste artigo.

O QUE É O QUADRO DE GESTÃO DO RISCO TIC?

O quadro de gestão do risco TIC é o conjunto de estratégias, políticas, processos e ferramentas que permitem a uma entidade financeira identificar, prevenir, mitigar e responder a riscos relacionados com a tecnologia.

Segundo o DORA, esse quadro deve:

  1. Ser parte do sistema global de gestão de risco da organização;
  2. Permitir resposta rápida e eficiente a incidentes;
  3. Garantir um elevado nível de resiliência operacional digital

ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS DO QUADRO DE GESTÃO DO RISCO TIC

O quadro de gestão de risco das TIC deve incluir:

  1. Estratégias e políticas de TIC;
  2. Procedimentos e protocolos de segurança;
  3. Ferramentas de proteção de ativos tecnológicos, incluindo programas e sistemas informáticos, equipamentos e servidores e infraestruturas físicas (data centers, salas técnicas, áreas sensíveis).

O objetivo é assegurar que todos os ativos de TIC estejam protegidos contra danos, uso indevido ou acesso não autorizado.

IMPLEMENTAÇÃO PRÁTICA E MONITORIZAÇÃO

As entidades financeiras devem:

  1. Minimizar o impacto de riscos TIC com medidas concretas;
  2. Fornecer informações atualizadas às autoridades competentes, quando solicitado;
  3. Documentar e rever o quadro anualmente, ou após incidentes severos, por orientação de auditoria, ou após testes de resiliência digital

Além disso, o quadro deve ser aperfeiçoado continuamente com base nas lições aprendidas e revisões.

SUPERVISÃO E INDEPENDÊNCIA DAS FUNÇÕES DE CONTROLO

As entidades financeiras (exceto microempresas) devem designar uma função de controlo do risco TIC e garantir a independência dessa função para evitar conflitos de interesse.

Além disso, devem aplicar o modelo das três linhas de defesa: gestão, controlo e auditoria interna.

AUDITORIA E VERIFICAÇÃO

O quadro deve ser sujeito a auditorias internas regulares, realizadas por profissionais com conhecimentos especializados em risco TIC, independência organizacional adequada. A frequência de auditoria deve ser proporcional ao risco.

Os resultados das auditorias devem ser acompanhados por um processo formal de correção.

A ESTRATÉGIA DE RESILIÊNCIA OPERACIONAL DIGITAL

O quadro de risco TIC deve incluir uma estratégia formal de resiliência digital, com:

  1. Integração com os objetivos operacionais da entidade;
  2. Níveis de tolerância ao risco TIC e análise de impacto;
  3. Indicadores e métricas de desempenho em segurança da informação;
  4. Explicação da arquitetura tecnológica atual e ajustes necessários;
  5. Mecanismos de prevenção e resposta a incidentes;
  6. Avaliação do estado atual da resiliência (número de incidentes, eficácia das medidas);
  7. Testes de resiliência operacional digital;
  8. Estratégia de notificação de incidentes relevantes.

GESTÃO DE TERCEIROS E SUBCONTRATAÇÃO

A estratégia pode incluir:

  1. Mapeamento de dependências de fornecedores TIC;
  2. Justificativa para múltiplos prestadores;
  3. Possibilidade de subcontratar auditorias ou verificações, mantendo a entidade como responsável final pela conformidade.

CONCLUSÃO

O quadro de gestão do risco associado às TIC exigido pelo DORA não é opcional nem decorativo. Trata-se de um instrumento essencial para garantir a continuidade das operações financeiras, proteger ativos digitais e estar em conformidade com os reguladores.

As empresas que cumprem o DORA estarão melhor preparadas para enfrentar ameaças cibernéticas, interrupções operacionais e as exigências do mercado europeu.

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